Deuses Americanos, uma série sobre crenças e miscigenação cultural

Esse ano ocorreu o lançamento da série Deuses Americanos, baseada no livro homônimo do escritor Neil Gaiman. Escrita em 2001, a história tem como protagonista o ex-presidiário Shadow Moon, que está tentando começar uma nova vida após sair da cadeia, mas logo tem seus planos frustrados ao descobrir que sua mulher morre em um acidente de carro com o amigo que lhe daria o novo emprego. Ao viajar para o funeral, Shadow acaba conhecendo um homem misterioso chamado Mr. Wednesday, esse lhe oferece um emprego e com ele a chance de participar de uma guerra entre antigos e novos deuses pelo poder de não ser esquecido.

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O enredo pode tratar apenas de uma guerra entre deuses, mas vai além desse fato. Deuses americanos fala sobre a idolatria que colocamos em TV e internet, e em como elas tiram proveito da gente (detalhe é que os novos deuses possuem nomes como Media, Technical Boy e Mr. World). E é claro que o livro de Neil Gaiman fala também sobre a cultura que acabou modelando a sociedade americana através dos vários povos que traziam para os Estados Unidos suas crenças, lendas folclóricas e figuras mitológicas.

Deuses Americanos é uma história que mistura a fantasia com o cotidiano, o que é uma marca conhecida do Neil Gaiman, já que o autor sempre coloca magia e lendas em suas histórias de uma forma tão natural que você acaba nem percebendo a importância delas para o enredo.

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Mr. Wednesday e Shadow Moon.

A série soube aproveitar muito bem os elementos presentes no livro, principalmente a crença que as pessoas tinham e que levaram com elas para a América. Isso é visto no início do segundo episodio onde um negro que está sendo levado como escravo implora para que Anansi, o deus da trapaça, o livre das mãos do homem branco e da escravidão. O que ocorre depois é um discurso de Anansi que inflama os negros e o fazem queimar o navio negreiro em que estavam.

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Início do discurso de Anansi.

Anansi é um deus que faz parte da mitologia africana e que é conhecido, além de trapaceiro, por ser um ótimo contador de histórias.

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Anansi ou Mr. Nancy.

O episódio sete é outro que merece destaque, já que nele é contada a história de Essie MacGowan, uma moça que quando criança escutava muitas histórias sobre os Leprechauns e que cresceu acreditando nelas. sua crença a ajudou à sobreviver durante o Séc. XVIII.

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Essie MacGowan.

Detalhe importante é que o Leprechaun não é um Deus, mas sim uma entidade mitológica do folclore irlandês apresentado como um diminuto homenzinho, o que na série não é bem assim.

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Mad Sweeney, o Leprechaun.

Além disso, a série ainda mostra como Jesus Cristo é retratado em outros países e da sua importância para várias pessoas ao redor do mundo, mesmo que muitas outras não acreditem em sua existência. Aliás, no último episódio da primeira temporada é apresentada uma festa onde estão reunidas as diversas representações de Jesus Cristo que são conhecidas pelo planeta.

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“Há muita necessidade de Jesus.”

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